A menos que ela tenha passado o recibo de que está com receio de ver seu mandato interrompido, tô boiando.
A presidente Dilma Rousseff esteve hoje, quinta, em Presidente Prudente, SP.
Achei tão estranho o que ela disse, que me vi pensativa.
Primeiro, porque políticos sujeitos a campanhas são treinados à exaustão para aprender a linguagem do povo.
Saltaram-me aos olhos e aos ouvidos várias expressões empregadas pela presidente.
“Atalhos questionáveis”, “ruptura democrática” e “pescar em águas turvas”.
E isso então? “Quem acha que tudo vai dar errado chama o erro para si mesmo”.
Espera? Seria esse um sinistro recado da presidente aos que dela discordam? Medo.
O trecho campeão da minha estranheza foi: “encurtar o caminho da rotatividade democrática”.
Estaria a presidente se referindo à ‘roda’ no sentido de ‘rodízio’? Mas o partido dela foi eleito 4 vezes seguidas, e está na Presidência há 12 anos. Ela quer que o PT se reveze, mas sem encurtar o caminho da roda? Qual roda?
Meu ponto: por que será que ela vem usando, e não é de hoje, frases tão indiretas em pronunciamentos quase cifrados?
Pra falar a verdade, a impressão que ela me passa é de estar muito nervosa. Muito mesmo.
Senti a mesma coisa ao ler a entrevista dela ao jornal Valor, e também quando ela lastimou que as contas de luz tenham subido .
Essa foi demais. Em 11 de agosto, a presidente acenou com dias melhores: “esse encarecimento do fornecimento de luz começa a ser progressivamente revertido”. Convenhamos, é abstrato. É vago.
“Nós acreditamos que com a regularização do sistema hidrológico no Brasil nós teremos mais e melhores notícias a dar nesse sentido”.
Vem cá, será que ela quis dizer: “quando chover a conta de luz vai ficar mais barata”?